Vida de morte

Porque há-de estar contente,
O que escreve o que traz na alma?
Aquele que sonha e que sente?
O poeta não vive a calma!

Vive o seu momento triste,
Em todos e cada um de seu dia,
Olhando que mais nada existe...
Só a sua inolvidável agonia.

Percorrendo cada palmo de chão,
Buscando o outro lado da sorte,
Sem nunca encontrar a razão
Para não ter esperança na morte.

Iludindo a própria existência
Com odes e festejos sem sentido.
Mergulhado no sono da demência
Num lago imundo e fedido.

Quisera ele ter alegria
Que a alma lhe saltasse do peito
Descobrir na vida a euforia
Ser em cada momento um eleito

Mas logo o lodo do lago imundo
Seu corpo e alma arrebataria
Puxando e prendendo-o no fundo
Seu corpo morto não se veja um dia

E nesta luta infame e desigual
Que nos lembra David e Golias
Aquele que escreve tem vida infernal
Por sentir, amar e sonhar todos os dias

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