Era o meu coração...

Durante anos,
guardei no coração,
um recanto, um pedaço.
Não sei porquê, mas sentia,
que alguém o iria ocupar um dia.

Depois conheci-te,
e nem sei porque razão,
senti que era teu aquele espaço.
Que serias sómente tu quem o ocuparia,
eras afinal aquela, que sempre lá guardaria.

Foi um instante,
não sei se de sorte...
talvez fosse o destino,
mas foi sem dúvida um corte,
de uma vida, até aí de desatino.

Os anos passaram,
Ficou pequeno aquele espaço,
que um dia descobri que era teu.
Mas hoje não tens sómente um pedaço,
tens todo este coraçao, que antes era meu.

Não importam as palavras...

Não importa o que as palavras dizem,
se são bonitas e alinhadas,
bem ou mal escolhidas,
ou até despropositadas.

As palavras são isso mesmo,
foram feitas para serem usadas.
Por vezes de forma simples,
mas muitas mais em charadas.

Não queiras saber por palavras,
aquilo que um coraçao sente.
Quer estejam escritas num papel,
ou saídas da boca, que tanto mente.

Não precisas nunca de falar,
por palavras, o que te vai no coraçao,
deixa-me apenas poder olhar,
esses teu olhos doces de paixão.

Um sonho

Descias um monte,
entre cheiros e cores,
dançavas para mim,
cada vez mais perto.
Entre nós uma ponte,
de ramos e flores,
de papoilas e jasmim,
era o seu chão coberto.

Os meus braços estendi,
esperei pelo teu abraço,
matar saudade de sentir,
o doce sabor do teu beijo.
Fiquei abraçado a ti,
deitei-te no meu regaço,
pelo corpo sentimos subir,
o sangue quente do desejo.

Deitados abraçados no chão,
apaixonados fizemos amor
sobre um tapete de flores,
sob um céu azul de mar.
Foi o sonho de uma paixão,
que se vive com fervor,
mudem os cheiros ou as cores
importa é continuar a amar.

Momento sublime

Não há palavra ou rima ardente,
Que exprima o sublime momento,
Em que o corpo vence a mente.
E junta desejo ao sentimento,
Em dois seres apaixonados.
Sabores, cheiros suados,
pelos seus corpos exalados,
Entre eles são trocados.

E num instante unico de prazer,
Entregues um ao outro sem pudor,
Um divino orgasmo faz viver,
A paixão de uma vida de amor.

Teu brilho...

Sózinho enquanto não vens,
passeio a saudade no jardim.
Procuro-te entre as nuvens,
Sinto a falta, de parte de mim.

Mas não me vale de nada,
ficar sem ti, a olhar o céu.
Até mesmo em noite estrelada,
tudo é escuro como breu.

Lembro o brilho dos olhos teus,
enquanto não chegas, minha amada.
Com tua luz que inunda os céus,
E deixa minh'alma iluminada.

Retiro de ti...

Retiro de ti as palavras,
que são para mim alimento.
Retiro de ti o amor,
que do meu coração é sustento.
Retiro de ti a prole,
Que meu nome fará perdurar.
Retiro de ti o sonho,
Que me dá força para lutar.
Retiro de ti a esperança,
Que me faz sempre acreditar.
Retiro de ti o olhar...
E olho este mundo que assisto.
Retiro de ti o que sou,
Para além deste corpo que visto.
Retiro de ti a vida,
Que vivo a cada dia.
Retiro de ti a paixão,
Que me dá esta alegria.
Retiro de ti a felicidade,
Que contigo eu sinto como minha.

Fado alegre

Não é precisa razão nenhuma,
real e nem mesmo aparente,
num ápice uma vida se esfuma,
assim num qualquer repente.

Não adianta pensar do avesso,
não és dono da tua existência.
Não podes inverter o processo,
Nem com recurso á experiência.

Aproveita todo o teu tempo.
Ama e faz por ser amado,
Se houver um contratempo,
Não desistas, passa ao lado.

Uma vida passa depressa,
E nunca o fim te é anunciado.
Vive com amor e sem pressa,
Faz da vida um alegre fado.

Hoje sinto-me assim...

São cinzentos,
Os dias sem Sol.
Olho em redor,
Tudo mais triste.
Uma tristeza seca,
Sem lágrimas de dor!
E nem os pássaros,
Eu ouço cantar...
Chilreios de amor.
Sinto a melancolia,
como uma saudade,
A tomar conta de mim.
Sinto falta,
Nem sei bem do quê...
Faltas-me tu...
Mas falta de ti,
Eu sinto sempre.
É uma sensação,
das outras diferente.
Um vazio interior,
Um tunel sem fim.
Uma estrela cadente...
Sem um rasto de cor.
Uma falta de chão,
Um velho jardim,
Sem uma única flor.
Hoje sinto-me assim!
Neste dia cinzento...
Triste e sem Sol.

Aqui é onde...

Aqui é onde...
deposito as palavras,
repouso sentimentos.
Onde congelo desejos,
e gravo memórias.

Aqui é onde...
lanço olhares e beijos,
onde conto estórias,
de vida e romance,
doces, amargas, reais.

Aqui é onde...
as palavras vivem,
tem cheiros, tem sabor,
têm sonhos e ideais.
Tem amor e felicidade.
E até escondem a dor
e enganam a saudade.

Procuro no teu corpo

Procuro no teu corpo,
palavras para meus versos.
Demoro-me em cada pedaço,
da tua pele, tão doce,
o tempo necessário,
a encontrar cada letra,
cada sílaba, cada rima.

Procuro no teu corpo,
o calor e aragem fresca,
que se solta de um poema.
Páro demoradamente,
a escutar o teu coração,
copio (mal) o compasso e ritmo,
para a musica destes versos.

Encontro no teu corpo...
nos lisos cabelos castanhos,
nos olhos e nos teus lábios,
que nao me canso de beijar,
palavras, versos e poesias,
que não consigo calar,
apenas e só por te amar.

Momento de amar

Como é bom sonhar acordado,
Sentir no momento a emoção.
De ter-te ali ao meu lado,
Minha doce e amada paixão.

Mas o amor tem outros lados,
Vai muito além do coração.
E nos corpos apaixonados,
Nasce desejo e excitação.

Um toque, um suave movimento,
Um leve beijo ao acordar.
E assim se cria um momento,
Para uma outra forma de amar.

Não sei...

Já não sei,
Se a luz tão forte,
que vejo no teu olhar,
é o Sol, no céu a brilhar,
ou...
se é brilho, dos teus olhos...
que ilumina o meu coraçao,
e lhe dá esta força imensa,
a vontade enorme de te amar.

Jogo dos sentidos

Soltas os gestos, os sentimentos,
Desces sobre mim em enxorrada.
Mudas as maneiras... o teu jeito,
Inundas-me o corpo e os sentidos
provocas, provocas-me o fogo.
Não são rasgos ou momentos,
desejos de vontade refreada.
São corpos a arder neste leito,
de luxúria e prazer possuídos,
pelos cheiros e sabores deste jogo.

Sonhador

Calhou-me em sina ser um sonhador!
Não importa a verdade ou se minto.
Importam as palavras, a quem lê,
de nada interessa o que eu sinto.

Tem dias em que elas me fogem!
Outros, em que repousam em mim.
Dias em que elas pairam em meu redor,
Como tornado, rodopiando sem fim.

Não preciso de deuses, nem demónios!
Rezas, bruxarias ou feiticeiros.

Preciso do sentimento e do sonho,
Da amada musa do meu cancioneiro,
Que inspira os versos que componho.

Será que é minha aquela dor,
Estampada nalguns versos que fiz?
Como posso sofrer de amor,
Se eu jamais fui tão feliz?

Meu amor...

Amor...
Hoje dei por mim a recordar,
...Tanto tempo depois...
Que foi tanto o tempo,
em que não vivemos os dois.

Amor...
O que passei nesses anos,
que parecia não terem fim,
Faz-me saber e sentir agora,
Como és importante para mim.

Amor...
És o meu porto seguro,
Parte do meu ser, minha vida.
És minha razão a cada dia,
Minha musa, minha querida.

Meu amor, minha vida.