O caminho

Queria poder estar contigo
Olhar os teu olhos mais de perto
Lembrarmos um momento antigo
Do nosso passado encoberto
Das loucuras que fizemos
De tantas vezes arriscar
Os instantes que tivemos
A esconder-nos para amar
Para que ninguém nos visse
Nem tão pouco imaginasse
Para não haver diz-que-disse
Nem quem testemunhasse.
Mas quantas vezes aconteceu
Maior o desejo que a razão
E quando o momento aqueceu
Esquecer se era boa ocasião
Um sofá numa sala vazia
Por vezes um recanto escuro
Não interessava onde se fazia
Mas sim aproveitar cada furo
Eu desejava o que tu querias
Muitas vezes no vão da escada
Quando tu linda me aparecias
Com aquela tua saia rodada
E quantas vezes acompanhados
E rodeados de tanta gente
Usámos de truques arriscados
Talvez mais que um adolescente.
E aquela vez de vestido branco
Carro cheio e em andamento
No cantinho atrás no banco
Saciámos nosso corpo sedento
De Inverno e quando chovia
E a tua casa chegava molhado
Logo uma fogueira se acendia
Mas longe do lugar vigiado
Era nos anexos lá ao fundo
Onde ninguém nos via ou ouvia
Onde o nosso gemer profundo
A um outro mundo nos conduzia.
Assim pouco a pouco construímos
O amor que ainda hoje perdura
A cumplicidade que sentimos
Fruto dessa já longa semeadura
Regada diariamente com carinho
Com muito amor à mistura
E rebentos fruto desse caminho
Sempre percorrido com ventura.

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